quarta-feira, 13 de abril de 2011

Samhain: a Noite dos Idos


Slania tei!

Mais um Ano se passou, e é hora de nos prepararmos novamente para a celebração da Noite dos Idos: a Festa dos Mortos! Com a proximidade do auge do Outono e início do Inverno, as mais variadas tradições religiosas, principalmente Pagãs e Bruxas, celebram a memória dos espíritos de seus familiares e demais entes queridos, assim como também dos Ancestrais de seus Clãs. Muitos são os nomes pelos quais essa celebração é conhecida: Samhain, Samônios, Noite dos Idos, Halloween, Festa Del’Ombra, Dia de los Muertos, entre tantos outros.

Para marcar essa data, lanço aqui no Liber Herbarium o primeiro artigo, de uma série de oito, que tratarão sobre os Festivais Sazonais e ritos tradicionais mágico-religiosos vinculados a tais Portais, sempre trazendo lendas, mitos, costumes, simbolismos e demais aspectos ligados a tais festividades, abordando pelo ponto de vista de linhagens ibéricas e galaico-lusitanas, mas fazendo paralelos com outras tradições culturais. O lançamento de tais artigos nesse blog se deve ao facto de envolverem práticas mágicas e rituais envolvendo a Herbologia Mágica Tradicional, o que fortalecerá ainda mais os estudos sobre os tópicos abordados no Liber Herbarium.

Aviso aos leitores que os artigos sobre Festivais Sazonais, abordando o Solstício de Verão, a Festa de Lammas e Mabon, que eu havia publicado em outro site, serão publicados aqui no Liber Herbarium, na proximidade da época de cada festival. Assim sendo, deixo aqui o link para acesso do primeiro artigo dessa série, “Samhain: A Noite dos Idos”:




Agora que o Outono reina nessas terras vale-paraibanas onde vivo, no interior de São Paulo, é chegado o momento de parar tudo e refletir sobre o Ano que passou, e sobre tudo o mais que o passado nos legou. É o tempo de colher: os frutos da terra, as realizações de nossos projetos, de nossos sonhos... ou então, é o tempo de colher os benditos frutos da Sabedoria adquirida pelo vivenciar daquilo que não foi como queríamos, mas certamente, foi conforme nossa capacidade de administrá-lo. A maturidade dos frutos revela a maturidade de nosso próprio ser, contemplando mais um Sol que se esvai em seu fulgor, levando consigo as tardes ensolaradas, quentes como as paixões mais impetuosas, cuja marca é a urgente efervescência do momento não pensado, mas vivido, tal como o beijo da e na pessoa amada e desejada, que não se pede, que não se pensa, que não se planeja, mas que simplesmente se rouba...

O Outono anuncia o início do Tempo dos Idos, o Tempo Oscuro, onde mergulhamos, antes, dentro de nós mesmos, mais do que dentro do outro. É a época de se reunir em roda, ao redor da mesa, da lareira, da fogueira, junto àqueles com os quais compartilhamos o arado, a sementeira, o cultivo e a colheita... comungar com os demais do pão, do fogo em sua tríplice Bênção (purificadora, iluminadora e acalentadora), assim como das memórias do tempo vivido, que ora termina... assim como dos desejos, medos, anseios e esperanças do novo tempo, que se anuncia ao ceifar da última espiga. E esta terceira e derradeira colheita é a que limpa o terreno, entregando o campo à escuridão invernal do Caçador e do Caçado...

A Dança da Morte, cujos passos se revelam no Mistério da Caçada Selvagem, é o rito iniciático daqueles que serão marcados por Morte: são os devorados pela Porca Branca de Kerry Dwen, que renascerão íntegros de Seu Caldeirão; os renascidos da Noite Escura da Alma, envoltos no negro manto de penas dos corvos de Morrigú; os homens que não mais são homens, mas sim, semi-deuses, mortos em sua carne pelas ordálias de Vaelico e cujos espíritos serão renascidos pelo ventre de Trebaruna; são os montadores de Bode do Sabá Negro, os que voam por entre as sombras, junto às Bruxas que extaticamente cavalgam suas vassouras e bastões lambuzados em unguento, desejo, luxúria e Poder; são os filhos do Povo Nobre, que tomam parte na Caçada Noturna de Gwyn ap Nudd, Herne The Hunter e Hu Gadarn; são os Filhos da Noite, o séquito de Frau Holle, Holda, Unholden, Hella, Diana, a Caçadora da Floresta Negra; são os homens e mulheres Sábios a vagar por entre os Mundos, em busca dos tesouros de Saber guardados pelos Mortos e Poderosos, Feiticeiros, Bruxos e Xamãs, que Sabem curar e amaldiçoar, pois são os verdadeiros Filhos de Saman, o Ceifador, o Antigo que nos deu Sua Foice, mas somente a nós, que Sabemos o Mistério do Trauma e da Terapia contidos na Medicina de uma única folha verde... os Bruxos Venéficos, que ceifam a matéria da planta, mas sabem despertar o Espírito nela contido...

É chegado o Tempo dos Idos, o Tempo da Grande Reunião entre os vivos e os mortos, Tempo de Portais abertos... é chegado o Grande Sabá!

Bendiciones de los Gauazkuák...

2 comentários:

  1. Gostei muito dos seus artigos, deste e do blog Iberia Aeterna. Estou terminando meu livro sobre Magia Celta e convido-o a visitar meu blog: ladymirianblack.blogspot.com, bem como a revista eletrônica para a qual contribuo na seção de Magia Atemporal: www.upuniversosparalelos.com.br.
    Espero que possamos trocar informações sobre os celtas e sua magia.

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  2. Adorei seus blogs e gostaria de manter contato com você, pois estudo Magia Celta. Aguardo retorno.

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